Frase

"Não sei, deixo rolar. Vou olhar os caminhos... o que tiver mais coração, eu sigo." (CFA)







domingo, 25 de julho de 2010

Diz nos meus olhos verdades ruins.


Achei a música da minha vida!!!!! Eu já a conhecia. Me encantava com uma frase ou outra, mas nunca havia prestado atenção na letra integral. Ela descreve exatamente como me sinto, quando um relacionamento - ou até mesmo um possível início dele - não vai adiante.

Diz Nos Meus Olhos
(Zélia Duncan)

Pensei
Que haveria um pouco mais
De amor para mim
Guardei
Cada luar
Cada verso encoberto
Nas notas da canção

Pra que
Se um vazio me esperava
E eu não percebi
Devolve meus dias
Minha alegria
Diz nos meus olhos
Verdades ruins
(Esse é o refrão)
(2x)

Que não foi bom rimar
Cada carinho que eu fiz
Que a minha voz cantada
Nem soa tão bem
Que os nossos sonhos
Foram pesadelos
Enfim,
Mas pelo menos
Fala pra mim

Esse silêncio
É que me atordoa
Se foi tudo à toa
Volta e me deixa
Me recolho,volto ao meu mundo
O que é só meu
Tem que voltar pra mim

Me lembro quando
Você passou
Era um dia tão claro de sol
Pensei:"Meu Deus,
É um sonho!"
Meu coração feito louco
Batuque

Por isso agora
Não me machuque
Vou te guardar como
Triste lembrança
Ninguém jamais vai me
Enganar outra vez
Eu prometo à vocês

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Velhice Precoce


Acabei de entrar numa comunidade do orkut e resolvi escrever sobre isso: “Velhice Precoce”. Como me enquadro nisso, gente! Cada vez mais chego à conclusão de que tenho a alma velha. Por todos os motivos. Dia desses, me toquei de que sempre quando fico na dúvida se saio ou não saio para uma “night”, eu opto por não sair. Se rolou a dúvida, eu resolvo ficando em casa. Nada melhor do que a minha cama. E por falar em sair, não curto esse estilo comum das nights de hoje em dia. Raves, música eletrônica. Eita, ferro! O Hip-Hop é exceção. Gosto mesmo é de ir pra Maracangalha. Carioca da Gema. Democráticos. Sambas de Santa Teresa (ih, mas eu não posso nem entrar nesse mérito senão vou me alongar falando da minha paixão pelo samba de raiz.) Eu digito no “Youtube” grandes nomes da Música Popular Brasileira (Tom Jobim, Chico, Elis, Cartola) e fico ouvindo e assistindo os vídeos com um prazer imenso e uma nostalgia do que não vivi!!!!! Posso eu sentir saudades da época dos festivais? De cantores como Wilson Simonal e Clara Nunes? Tenho uma imensa saudade do que não vivi... (ou vivi, né? Posso ter estado em um desses festivais, em outra vida..)
NÃO SUPORTO lugares lotados. Me sobe uma irritação pela veia que me tira todo o tesão da coisa. É calor, gente esbarrando em você o tempo todo.. fora que a produção feita em casa vai por água a baixo. Só consigo pensar que estaria sendo bem melhor se eu estivesse em casa vendo um filminho. Ai, ai...
Dores na coluna. Preguiça. Dores de cabeça. Vontade de urinar, frequentemente. Na boa, eu sou ou não sou uma velhinha?
Tenho conclusões em mente que parece que já vivi anos e anos e já passei por tudo, pra pensar assim. Reflito, constantemente, sobre a vida. Tenho uma nostalgia absurda da minha infância e, quando falo sobre ela, parece que já se passaram décadas e estou anos-luz à frente. Faço tudo pensando que só tenho o HOJE e que o amanhã posso não ter mais. Já saquei, aos meus 22 anos, que a melhor fase da vida é a infância, que nada dura pra sempre, que casamento eterno e feliz é piada nos dias de hoje....
Se eu pudesse escolher, não teria crescido. Ficaria uma eterna criança. Tudo a ver, né? Dizem que velho volta a ser criança. E volta mesmo: usa fraldas; se estiver demente desaprende um monte de coisa; fica carente de atenção e cuidados; fica sem dente e careca; os velhinhos passam a ter o mesmo reflexo nas mãos que os bebês têm -reflexo de preensão palmar; alguns, impossibilitados de andar e deitados numa cama, voltam até para a posição fetal... incrível!
Essa vida é mesmo curiosa.
Na verdade, é tudo um ciclo.
Por isso eu creio em Reencarnação….....

domingo, 11 de julho de 2010

Guarde-me em seu colar.


"Ela põe os brincos na cômoda para não me machucar, assim como aparo a barba para não esfolar seu rosto.

Estamos desarmados.

Já sabemos o que vai acontecer, não sabemos como, nunca sabemos como. Ela pode estar mais pura ou mais sarcástica. Pode raspar os dentes antes de beijar ou me contornar com a língua e deixar que meu gemido indique o lugar de sua boca. Posso receber sua precipitação ou sua paz.

Quando transo com minha mulher, temo perder a memória. É para esquecer datas, lugares, nomes. Somos desmemoriados pelo excesso de desejo.

A memória é covarde, não entra em algumas cidades, a imaginação segue sozinha, como sempre.

O que mais me excita é que ela não tira o colar. Nua, branca, sinuosa, resiste com o colar. Já largou a calcinha e o sutiã, e não o colar. Ela é impetuosa, pisa em suas roupas quando vem em minha direção, mas não se afasta do colar. Não se esconde nas cobertas, pede que eu a olhe, que eu a admire, que eu tenha consciência com quem estou lidando. Não há timidez mais, não há timidez na fome. Ela me encara com suas contas no pescoço. Já nos conhecemos demais e isso aumenta o mistério. A intimidade é perigosa porque é capaz de ferir para aumentar a fragilidade. A surpresa somente existe na intimidade. Intimidade é a confiança dentro do medo.

Ela não sobe e desce. Subir e descer não requer arrebatamento - é angústia dos apaixonados. O que ela faz é diferente: ela anda pelos lados. Ela ladeia em mim. Monta em círculos. Como se a cama não tivesse fim ou borda. Como se minha nudez fosse a sua e ela se devolvesse.

Não aumenta os movimentos, desobedece ao vento, diminui, desacelera. Brinca em se despedir. Como se alguém fosse entrar naquele momento pela porta. Como se ouvisse um barulho estranho e parasse. E não chega ninguém, e rebola, os lençóis perto são sua saia, ela me desafia a ver o que está vendo - nos assistimos por um tempo para criar saudade antes da lembrança.

O colar balança, seus seios seguram minhas mãos. Não é aturdida de pressa, não pretende se livrar do meu cheiro, ele me agride com as palavras e me acalma com seu movimento. São duas mulheres conversando com o meu corpo, brigando pelo meu corpo, indecisas, a que liberta pela fala e a que me prende pelas pernas. Eu não entendo para onde vou, e me seguro na confusão.

Não pergunto quando vai gozar. Ela morderá o colar. Morderá com força. Nada mais deslumbrante do que uma mulher mordendo o colar para não gritar. Um dia ainda verei as pedras partindo de seus olhos.

Seu colar é minha coleira."

Autor: Fabrício Carpinejar - Escritor, jornalista e professor universitário, autor de dezesseis livros, pai de dois filhos, um ouvinte declarado da chuva, um leitor apaixonado do sol. Quando conseguir se definir, deixará de ser poeta.
Esteve no Jô Soares, dia 10/07/2010.

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Então tá, né? Tô boba.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Uns dias chove, noutros dias bate sol...


Pois é. Copa de 2010, já era. O sonho do Hexa foi adiado pra daqui há 4 anos. Mas vamos lá. Brasileiro que é brasileiro, não desiste nunca.

E é assim que funciona no jogo: alguém tem que perder. Difícil é aceitar que foi o NOSSO time que perdeu. Incrível como nós, apesar de sabermos desta possibilidade, não acreditamos nela até que realmente aconteça. Aonde eu assisti o jogo hoje, já estávamos combinando aonde veríamos o próximo. Altos planos, feitos antes mesmo da possível vitória. Nosso Inconsciente não sabe aceitar perdas até que elas ocorram. As vezes, nem depois. Demora pra "cair a ficha".

Sobre a seleção, acredito que o que mais atrapalhou foi mesmo o descontrole emocional do segundo tempo, que resultou em erros decisivos. Felipe Melo contribuiu - e muito! - para a derrota do Brasil. No entanto, um erro (neste caso, dois, né? rs) dentro de uma equipe abalada emocionalmente e sem estrutura para recuperar o placar, vira um DESASTRE. Por sua vez, acho que faltou uma certa sensibilidade no Dunga para sacar isto e agir em prol da equipe. Com o psicológico abalado, a probabilidade de erros é maior.. e quando ocorre, acabamos por crucificar o jogador que teve seu momento infeliz. Não quero, com isso, isentá-lo de seu erro. Desejo, apenas, atentar para a posição confortável em que nós, torcedores, nos encontramos: de apontar o dedo, julgar, julgar e julgar. Nisto, os craques somos nós. rs E eu me implico nisto! Claro que xingo, reclamo, reivindico: antes, durante e depois do jogo. Só reconheço que não vale a pena valorizar tudo isto mais do que isto merece. O Brasil perdeu. Triste? Sim. Mas alguém tem que perder. Se não conseguiu hoje, amanhã conseguirá. Não dá pra ganhar todas as vezes.

E, apesar de tudo: viva a seleção brasileira! Na vitória ou na derrota, eu mantenho meu "grito de guerra" e continuo vestindo a camisa com o maior orgulho de ser brasileira.

Deixo aqui, toda a minha admiração pelo Julio César. Pra mim, o melhor goleiro de todos os tempos. Fez o que pôde e o que não pôde, junto à equipe. E ainda teve a dignidade de falar com a imprensa, em nome dos companheiros, logo após o jogo. Aquela lágrima caindo.... foi de apertar o coração!!!! Mas é isso aí, mostrou que é guerreiro. Falou bonito, fez bonito, é bonito... ops! hahaha Enfim... aí já são outros quinhentos!

"Tente e não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida, tente outra vez."

2014 é nosso! :)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Caio Fernando Abreu: o poeta da alma.


É tão bom quando ouvimos ou lemos algo com que nos identificamos. Uma boa música ou um bom poema, geralmente, são assim classificados por nós, quando nos identificamos com seu conteúdo: quando parece que o autor "arrancou" as palavras da nossa garganta, do nosso peito. Caio Fernando Abreu faz isso comigo, a todo tempo. São poucos os textos dele que não me tocam a ponto de me fazerem pensar: "Caramba, parece que fui eu que escrevi." Assim como eu digo no meu perfil, aqui descrito no blogger, as manifestações de arte fazem com que nos sintamos menos aflitos diante dos nossos conflitos internos. Pode soar um tanto cruel, mas nos conforta saber que alguém, antes de nós, sentiu o que estamos sentindo. Mas não nos conforta somente por isto... é principalmente porque, na maioria das vezes, quando os poetas expõem em palavras o que sentem, AJUDAM-NOS a COMPREENDER o que sentimos... a nomear, a definir, a precisar. Divino isso. Viva a linguagem! Só me sinto superior aos animais nesse sentido... a linguagem é um bem precioso que temos.

Sobre o CFA (hoje o post é dedicado à ele):
Caio Fernando Abreu
Nascimento 12 de Setembro de 1948
Santiago, Rio Grande do Sul
Morte 25 de Fevereiro de 1996 (47 anos)
Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Nacionalidade brasileira
Ocupação jornalista, escritor, dramaturgo

Caio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago, 12 de setembro de 1948 — Porto Alegre, 25 de fevereiro de 1996) foi um jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro.

Apontado como um dos expoentes de sua geração, a obra de Caio Fernando Abreu, escrita num estilo econômico e bem pessoal, fala de sexo, de medo, de morte e, principalmente, de angustiante solidão. Apresenta uma visão dramática do mundo moderno e é considerado um "fotógrafo da fragmentação contemporânea".

Para mim, suas melhores frases:

"Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva."

Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo...(hahaha, ótima!)

"Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez."

"Não, você não sabe, você não sabe como tentei me interessar pelo desinteressantíssimo."

"Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco para entrar."

"Será que, à medida que você vai vivendo, andando, viajando, vai ficando cada vez mais estrangeiro? Deve haver um porto."

"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."

"Meu coração tá ferido de amar errado." (o meu tb.)

É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado." (isso eu ainda preciso aprender)

"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém." (ah, como isso cansa!)

"Loucura, eu penso, é sempre um extremo de lucidez. Um limite insuportável." (que linda essa concepção da loucura!)

"Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo."

"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra."

"Tenho dias lindos, mesmo quietinhos" (tenho mesmo!!! rs)

"Que seja doce." (isso é tudo!)

"Fico vivendo uma vida toda pra dentro, lendo, escrevendo, ouvindo música o tempo todo." (80% do meu tempo é preenchido com isso, também)

"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir o nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar." (É, ser humilde não é fácil... porque ser humilde é foda! rs)

"Penso: quando você não tem amor, você ainda tem as estradas."

"Ah, então foi pra ele que eu dei meu coração e tanto sofri? Amor é falta de QI, tenho cada vez mais certeza." (excelente!)

"Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis."

Enfim... isso é só um pouco do Caio. Uma alma linda, uma figura ímpar, um escritor maravilhoso. Quem dera eu tivesse tido a honra de ter sido sua amiga...

sábado, 19 de junho de 2010

Mais do que devaneio, hoje é um desabafo.

Certo dia, ouvi uma frase na faculdade que fez todo sentido pra mim: “Os laços são sustentados por um certo grau de insatisfação, de irrealização.” Concordo plenamente. Nosso desejo opera através da falta. É preciso um período de afastamento para que sintamos vontade de procurar o outro, para que sintamos saudade. Geralmente, quando nos deparamos com pessoas grudentas, queremos logo nos afastar pois não há espaço para o NOSSO desejo. Ela deseja por ela e por nós. Já tentei lutar contra isso, emocionalmente falando. Já me revoltei por achar um absurdo não poder demonstrar o que estava sentindo, pra não “perder a graça” ou fazer o outro perder o interesse.
Na verdade, hoje percebi a minha real insatisfação. A questão não é que não possamos demonstrar. É válido, sim, fazê-lo, até para que o outro possa perceber nosso interesse. O problema é quando demonstramos e não somos correspondidos à altura do que desejamos. Quando abrimos nosso coração e não ouvimos, de volta, algo recíproco. E pode ser a menor das atitudes: uma mensagem enviada, com palavras de carinho, que não foi respondida. JURO que isso me toca horrores. Queria não ser assim. Racionalmente, eu penso: “Que mal há nisso? Foi só uma mensagem. Deixa de ser tão exigente, vai.” Mas, sentimentalmente, isso me corrói tão profundamente que chego a sentir raiva por sentir isso. As coisas pesam pra mim. Quando se trata de relacionamentos, não consigo encarar com naturalidade certas coisas. Exijo demais do outro, reconheço. Sobretudo, porque não sei me envolver sem me doar e acabo tendo dificuldades para assimilar que nem todos “funcionam” deste modo (pelo visto, a grande maioria). Mas, sabe... ainda prefiro ser assim. Certamente, como já disseram por aí, “melhor não viver, que não amar”.


Filosofia de amor
Jota Maranhão
Composição: Jota Maranhão / Deusdedith Maranhão / Paulo Cesar Pinheiro

Quem por mêdo do amor que morre
Na hora que o amor percorre
Recua, se afasta e corre
Ouça o conselho que eu lhe dou
É só você morrer de amor
Que a chama do amor não morre
Quem por mágoa de amor se abate
Por medo que o amor maltrate
Ao invés de se dar combate
Ouça o conselho que eu lhe dou
É muito mais cruel a dor
Na casa que o amor não bate
Filosofia de amor não é rei nem doutor
Quem aprende
Só vai sair vencedor de um combate de amor
Quem se rende
Filosofia de amor só não é sabedor
Quem renega
Só vai prender seu amor e virar seu senhor
Aquele que se entrega
E o poeta é o professor
Que ensina todo dia
Filosofia de amor!...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

"Se precisas estar longe, quero-a constantemente". Marlene Nea


QUE SAUDADE!!!!!!

Esta semana, quinta-feira, fará 3 semanas que minha vó desencarnou. Seria, também, a semana do seu aniversário, dia 16 de junho. Inevitável não lembrar, não pensar, não sentir....
O peito aperta tanto e a garganta dá um nó de tal forma que parece, as vezes, asfixiar. Respiro fundo, na tentativa de eliminar esta sensação que ainda, por muitas vezes, se faz presente em mim. A saudade ainda dói. Normal, é recente. Quero mesmo acreditar na metamoforse do sentimento, na passagem da dor para a lembrança suave.

Quando choro, na realidade, é mais pela saudade de um passado distante, de uma época que não retorna, do que pelos poucos dias atrás, em que ela ainda estava aqui. Destes, não tenho como sentir falta. Ver um ser amado numa cama de hospital, inconsciente, inerte à tudo... chega uma hora, que a gente até pensa na morte como um alívio, um consolo, um descanso – para a pessoa e para você (na verdade, isto funciona mais na teoria, porque na prática, quando acontece, é outra história). É no que me apego, para seguir em frente. Pra ela, foi melhor.

Sinto saudades da infância maravilhosa que tive.... de uma época em que meus afazeres se resumiam apenas a brincar e SORRIR, na maior parte do tempo. Fase livre de preocupações. Fase em que todos fazem de tudo para te poupar do sofrimento.... fase em que ainda é possível e permitido acreditar em contos de fada, em finais felizes. Na infância, pode-se mostrar aos outros as mais irreverentes fantasias, que ninguém as julga ou recrimina. Se eu pudesse, seria criança para sempre.

Minha vontade, agora, é de escrever TUDO o que lembro da minha vó, tudo o que ela me ensinou e fez por mim. Mas sei que não é possível, pois, certamente, as palavras não dariam conta de resumir a imensidão do que ela representa. Sem contar que a memória é um tanto quanto traiçoeira, pois, a medida que o tempo passa, algumas coisas vão se perdendo: certas lembranças, a voz, a fisionomia... vai ficando tudo cada vez mais distante, o que nos leva a manter um esforço constante para não esquecê-las.

Certamente, não me recordo de todos os momentos. Mas lembro dos melhores, dos mais importantes, dos INESQUECÍVEIS!

Quando pequena, era ela quem ficava comigo durante o dia, enquanto minha mãe ia trabalhar. Meu uniforme ficava no seu armário. Almoçávamos sempre juntas. Comíamos a comida de uma pensão, que ela sempre encomendava. Adorávamos as batatas-fritas;

Minha facilidade (e adoração!) com a língua portuguesa e com a escrita, se deve, principalmente, às coisas que ela me ensinou, e às vezes em que fazia questão de vir me contar as “pérolas” que ouvia na televisão, automaticamente corrigindo-as e me ensinando como se falava certo;

E com relação à escola? Ih, são tantas... todo dia de noite ela vinha perguntar: “- Tem dinheirinho??? E se eu dissesse que tinha, ela falava: “Tem certeza?? Não quer levar mais?? Pode precisar, se quiser fazer um lanche...” Ai, ai.... sempre tão preocupada e cuidadosa. E o casaco? Sem exceção, TODAS as vezes que eu ia sair, ela falava: “Tá levando um casaquinho?” Por vezes, eu ficava impaciente com isso. Mas hoje, sinto saudades. Engraçado como o tempo se encarrega de apagar tudo de ruim e manter vivas só as coisas boas;

Impossível não sentir saudade das inúmeras vezes em que, sem sono, eu corria pro quarto dela, pois sabia que ela ainda estaria acordada, vendo TV, até altas horas;

...
E não acabam aí... mas, como já disse, “missão impossível” dizer todas.
Foram MUITAS coisas boas vividas nesses 22 anos que tive o prazer de conviver ao lado dela. Uma mulher de garra, inteligente, sensível.... Sou eternamente grata à tudo que ela fez, e à Deus por ter me permitido habitar neste lar, composto, principalmente por ela e pela minha mãe.

Eu sempre tive medo desse momento. De perdê-la. Além da saudade que eu sabia que sentiria, tinha medo de bater um certo remorso pelas vezes em que não tive tanta paciência com suas repetições ou com o trabalho e a preocupação que ela nos deu, nos últimos anos (oriundos do Alzheimer), por outras em que deixei de dizer coisas boas, enfim.... Mas sei que fiz o que pude. Sei que, apesar das falhas, fui uma boa neta (e ela sempre me dizia isso). E quem não tem falhas?? Ela também teve as dela, mas vejo como ficam tão pequenas, praticamente invisíveis diante da grandeza do AMOR que temos e sempre teremos uma pela outra. Onde quer que ela esteja, imagino que também tenha chegado à esta conclusão.

Vou terminar o texto com duas frases sábias que ELA mesma escreveu... são frases de duas canções compostas por ela (e que, em breve, eu aprenderei a tocar). E é justamente nesta sabedoria transmitida por ela, que eu vou me apoiar.

“A saudade é um sentimento que, pra uns só traz tristeza. Mas, pra mim, porém, saudade é encanto e é beleza. Ela, para mim, és tu, só que abstratamente. Se precisas estar longe, quero-a constantemente.”

“Por que só se falar de mágoas? Por que não falar da saudade? Dizem que saudade é ruim, mas não é não, ela te traz pra mim.”


Saudades, sim, SEMPRE!!!!! Prometo, vó, que vou me esforçar pra mandar embora a tristeza, assim que conseguir. Até um dia. Obrigada por TUDO! Saudades. Te amo.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O que é nosso tá guardado.

Desde pequena minha mãe me conta uma história sobre a relação de um bebê com sua mãe, que serve de metáfora para a relação de um adulto com Deus.
Pense num bebê de alguns meses. Uma de suas primeiras conquistas é engatinhar, certo? Imagine que este bebê direcionou seu olhar para uma tomada e sentiu-se extremamente atraído em brincar lá. Com todo esforço e dedicação, ele vai, com seus semi-passos até o alvo, empenhado em realizar aquele desejo. Vai, vai, vai... e ao chegar perto, estende o bracinho para colocar o dedinho na tomada. Eis que, neste momento, surge um empecilho em seu caminho. Sua mãe (a pessoa que ele mais ama e confia) retira o seu braço dali, causando um sentimento de revolta, tristeza e incompreensão por parte do bebê. No entanto, o que ele não sabia é que aquele seu desejo acabaria com a sua vida. Ele não detinha este conhecimento.
E assim somos nós com Deus. Muitas vezes entramos em conflito com os acontecimentos da vida e perguntamos, inconformados, a Ele o porquê de ter sido daquela maneira. Por mais que queiramos muito alcançar algo, só Deus sabe o que realmente é melhor para nossa vida. Não somos possuidores desta verdade e temos que confiar naquilo que Ele nos reserva - que é sempre o melhor!

Obrigada, Senhor, por sempre me mostrar o melhor caminho. Por me dar um retorno das minhas ações e decisões. Por estar no comando, me guiando para a direção que tenho que seguir. Deus realmente sabe o que faz! Quando perdemos algo ou alguém de que gostávamos muito, por vezes chegamos a sofrer ao pensar que não encontraremos algo melhor. Mas logo vemos que somos capazes, novamente. A vida sempre nos surpreende.

:)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Normose

"E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos por
aqueles que não podiam escutar a música."
Friedrich Nietzsche

"NORMOSE" (a doença de ser normal)

Todo mundo quer se encaixar num padrão.
Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar.
O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido.
Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema. Quem não se normaliza", quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento.
A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento que "exercem" tanto poder sobre nossas vidas?
Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados.
A normose não é brincadeira.
Ela estimula a inveja, a auto-depreciaçã o e a ânsia de querer ser o que não se precisa ser. Você precisa de quantos pares de sapato?
Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?
Então, como aliviar os sintomas desta doença?
Um pouco de auto-estima basta.
Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo.
Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original.
Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.
Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais e tentam viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Para mim são os verdadeiros normais, porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações. Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada.
Por isso divulgue o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.

Michel Schimidt
Psicoterapeuta

sábado, 23 de janeiro de 2010

Promessa é dívida.

"À medida que envelheço, presto menos atenção ao que as pessoas dizem; simplesmente observo o que fazem." (Andrew Carnegie)

Falar é fácil. Fazer é que é difícil. E é pra poucos.
Pra quem tem um bom conhecimento da língua portuguesa e de suas regrinhas, então, fica mais fácil ainda. Beneficia-se quem tem boa lábia, jogo de cintura e afinidade com as palavras. O que mais vejo, por aí, é gente falando “bonito” pra convencer iludidos ouvintes. Promessas, planos e metas. Na política, então, é o que mais aparece. Mas agir que é bom....
Nas relações humanas não é diferente. Quantas vezes nos desiludimos ao esperar a realização de uma ação tão falada e prometida por alguém? Incontáveis vezes.
Aposto que não fui só eu que já ouvi de um carinha, na boate:
“ - Gostei de você, gostei de ficar com você, do seu jeito. Taí, me dá seu telefone pra gente marcar alguma coisa de novo?” E aposto que não fui só eu que tomei um chá de cadeira, acreditando no discurso falso que me foi apresentado. Foi duro, mas, tive que dar um corte no ego ao compreender que, em situações como esta (boate, nights e afins) é praticamente impossível ser merecedora de um olhar diferenciado, que valorize o que realmente sou. Difícil querer me fazer notada pelos meus valores, se o que conta nesta hora é, puramente, o nosso cartão de visitas: a beleza exterior. Mas eu só queria entender porque falar, se não irá fazer. Eita, gente sem palavra.
Cansei de ouvir lindas promessas e não ver atitudes. Cansei do abstrato. Da ilusão. Da mentira. Da falta de palavra. Sobretudo porque tudo isso é tão desnecessário e tão simples: é só não prometer o que não irá cumprir! Já não chega de dívidas?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ah, que saudades que eu tenho da Aurora da minha vida...

Razão e coração raramente andam juntos. Com frequencia, nos obrigam a dissociá-los, uma vez que quando utilizamos um, não conseguimos usar o outro. Se se é emotivo ao extremo e as ações são comandadas pelo o coração e a intuição, a razão é deixada de lado. Já quando se age racionalmente, isto pode soar como uma frieza de sentimentos. Desde que me entendo por gente, o coração é quem determina minhas ações. Sigo SEMPRE o que sinto, apesar de pesar os prós e contras de cada situação. No entanto, por falta de opção, pela primeira vez tive que tomar uma decisão racionalmente. O coração não se contentou, mas a razão falou mais alto. Não era o ideal, mas era necessário. Coloquei minha vó numa casa de repouso, ontem (depois de mais de um ano de luta e cansaço oriundos dos cuidados dedicados à ela, vítima de 2 AVC´s e Mal de Alzheimer). Não consigo seguir em frente para descrever uma situação como esta e o que sentem as pessoas que estão em volta, lidando com a doença. O que consigo dizer, no momento, é que.... crescer é complicado.

Eu e a Vida
Jorge Vercilo
Composição: Jorge Vercillo

Vem me pedir
além do que eu posso dar
É aí que o aprendizado está
Vem de onde não sonhei
me presentear
Quando chega o fim da linha
e já não há aonde ir
Num passe de mágica
A vida nos traz sonhos pra seguir
Queima meus navios
pr'eu me superar
as vezes pedindo
que ela vem nos dar
o melhor de si

E quando vejo,
a vida espera mais de mim
mais além, mais de mim
O eterno aprendizado é o próprio fim
Já nem sei se tem fim
De elástica, minha alma dá de si
Mais além, mais de mim
Cada ano a vida pede mais de mim
mais de nós, mais além

Vem me privar pra ver
o que vou fazer
Me prepara pro que vai chegar
Vem me desapontar
pra me ver crescer
Eu sonhei viver paixões, glamour
Num filme de chorar
Mas como é Felini, o dia-a-dia
Minha orquestra a ensaiar
Entre decadência e elegância,
zique-zaguear
Hoje, aceito o caos.

E quando vejo,
a vida espera mais de mim
mais além, mais de mim
O eterno aprendizado é o próprio fim
Já nem sei se tem fim
De elástica, minha alma dá de si
Mais além, mais de mim
Cada ano a vida pede mais de mim
mais de nós, mais além

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Incontrolável Mal de Raiz

Por vezes, já sentiu que seus parceiros tornaram-se mais cobiçados após iniciarem um relacionamento com você? É incrível como parece que basta colocar o olho em alguém para que diversos olhares virem-se na mesma direção. Será, talvez, porque antes, você não notara o encanto da pessoa cuja sua libido fora direcionada, e a partir do momento em que repara, você começa a olhar, também, para as coisas a sua volta (percebendo, assim, o campo do desejo que a rodeia)? Ou será que a energia do Universo é tão forte a ponto de fazer disparar o desejo dos outros na medida que o seu é dispendido? Lacan apropriou-se de um pensamento de Hegel, cujo sentido é semelhante a este que há pouco questionei: “O desejo humano é sempre desejo de outro desejo”, ou seja, a coisa em si não é tão desejada quanto a partir de um olhar que lhe é dado a priori. De fato, o que acontece é que sentimos que, antes de nós, nosso parceiro “nem era tão notado assim, vai.” De repente passamos a enxergá-lo como o galanteador, só porque este perfil nos é apresentado, na medida em que nos relacionamos amorosamente. E aí, surge um certo receio de que outras pessoas descubram este encanto que viemos descobrindo, ao longo dos dias, na convivência com a pessoa amada. Talvez a isto possa dar-se o nome de ciúme: aquele medo - que povoa o local mais fundo do coração – de que outra pessoa seja merecedora do mesmo amor que você é, do mesmo olhar, do mesmo toque, do mesmo carinho. O que penso sobre o ciúme é que, em superdose, torna-se um veneno para o relacionamento. Me parece ser um grande aliado da insegurança. Na medida em que ele se torna constante, cria-se um ambiente de tensão onde o que se pretende é controlar os passos do outro, ainda que em pensamento. E não há relacionamento que dure com a individualidade ameaçada. Que “o ciúme é um mal de raiz” (como dizia o poeta Vinícius de Moraes), a maioria deve concordar, mas penso ser unânime a difículdade de fazer-se de bobo ou fingir-se de desentendido quando alguma ameaça bate à porta e a iminência de perder o ser amado vem à tona.

(Monalise Monteiro)