Frase

"Não sei, deixo rolar. Vou olhar os caminhos... o que tiver mais coração, eu sigo." (CFA)







sexta-feira, 24 de abril de 2009

Trabalho da facul

Psicologia e Processos de Formação II

O conhecimento do senso comum tende a naturalizar diversos aspectos da vida. Com relação à história, de uma forma geral, muitas vezes acreditamos que determinado modo atual de pensar, “sempre foi assim”, naturalizando-o. Através dos textos trabalhados até o momento, na disciplina optativa “Psicologia e Processos de Formação II”, pudemos estudar a construção histórica da infância e perceber que o sentimento direcionado à criança - como um ser frágil e dócil, é característico do nosso tempo. Inicialmente, trabalhamos com as contribuições de Philippe Ariès, que apresenta o modo como a criança era vista na Idade Média. Um dos aspectos importantes para pensarmos a infância como algo construído, é a questão da idade. Na Idade média, não importava quantos anos a criança tinha. A passagem da infância para a fase adulta, era caracterizada por outro aspecto e não por este, o qual nos parece tão natural, hoje em dia.

Assim como este aspecto, o mesmo pode-se dizer das escolas. Naquela época, colégio não era local de estudo, mas de abrigo que acolhia pessoas pobres. Posteriormente, passou a haver o ensino de belas artes e só depois, então, passou a ser um espaço de aprendizado.

Em “História da criança no Brasil”, vimos o significado da infância na época da colonização. As crianças indígenas eram vistas pelos jesuítas como um “papel branco”, a tábula rasa, a cera a ser moldada. Elas eram utilizadas como um meio para a disseminação da religião. A pedagogia jesuítica foi uma pedagogia do “sangue”, do medo, que implicava na morte do outro, visto que os jesuítas, ao chegarem imbuídos de uma verdade que deveria ser disseminada a todo custo, simultaneamente, exterminavam o “modo índio” de ser. Para atingir este objetivo, se fossem necessários, castigos eram utilizados como ferramentas (a educação e a disciplina deveriam ser rigorosas e o castigo, era visto pela Igreja, como uma forma de amor - “amor correcional”).

Fazendo uma ponte com estes textos, vale ressaltar o documentário assistido em sala de aula, também sobre a infância: “A invenção da infância”. Nele, crianças e adultos dão alguns depoimentos sobre o que pensam ser a infância no mundo contemporâneo. É problematizada, no filme, a produção de urgências na nossa sociedade contemporânea, que exige, o tempo todo, o máximo de formação, capacitação e conhecimento, tornando o mercado de trabalho cada vez mais produtivo. Desta forma, vemos o corpo da criança se tornar um local de investimento (tal como um corpo dócil, apto a ser moldado) e a infância tornar-se um período de preparação para o futuro, para o mercado de trabalho. As responsabilidades e exigências aumentam em ritmo acelerado para estas crianças, o que modifica, um pouco, a concepção de infância apenas como um período para brincar. Contudo, pudemos concluir que tais exigências se dão, em peso, nas crianças de famílias de classe média ou alta. Com relação às famílias pobres, o que é mostrado no filme são crianças que trabalham desde cedo, para ajudarem aos pais e não têm perspectiva de vida, não pensam em se desenvolver futuramente. Ao contrário, acreditam, um dia, poder colher os frutos do trabalho realizado. Depoimentos de pais de crianças como estas, demonstram a visão que têm sobre a infância: os filhos são vistos como sinônimo de trabalho, como forma de ajuda para o sustento.

Algumas questões provocaram, em sala de aula, uma certa angústia e estranhamento por parte dos alunos, visto que é mesmo difícil conceber certos acontecimentos que fogem do que consideramos “normal” ou “natural”, nos dias de hoje – o que nos fez questionar nossa postura com relação à ética. Com isto, produzimos uma ruptura no caminho que foi programado, e que, então, enveredou-se por outro lado, possibilitando uma discussão acerca do que é a ética. Como base, utilizamos o texto de Suely Rolnik - “À sombra da cidadania”- , onde, de forma resumida, ela propõe um modo de pensamento em que coexistam o “Homem da Moral” (o campo do visível, a consciência, a compreensão dos códigos) e o “Homem da ética” (o campo do invisível, o inconsciente, o que ouve as inquietações). Ela utiliza-se da física contemporânea, que concebe ordem e caos como indissociáveis (há sempre ordem e caos ao mesmo tempo, ou seja, do caos, surgem novas ordens) para pensar a coexistência entre corpos e, desta forma, evidenciar a existência do outro. O que ela traz de mais rico neste texto, na minha opinião, é a reflexão de que a subjetividade só é possível dada a existência do outro, ao encontro com a alteridade, que “nos arranca permanemente de nós mesmos”, de acordo com suas palavras. O texto nos proporciona pensar sobre a dificuldade de suportar a emergência dos processos de subjetivação, ou seja, suportar a idéia de que não somos um corpo isolado, mas sim, um permanente devir-outro, onde mudam-se, constantemente, os campos em que nos reconhecemos – e à isto podemos chamar de desterritorialização.

Sendo assim, esta reflexão que o texto de Suely Rolnik nos possibilita, serve de conclusão para as idéias aqui apresentadas. Mudanças ocorrem a todo o tempo, desestabilizando antigos modos de funcionamento e contrariando a idéia do estático, do imutável. Na história, na sociedade e no ser humano, há sempre um devir-outro que nos permeia e nos convoca à uma adaptação – muitas vezes, dolorosa, pois implica em perdas - colocando em questão a subjetividade, entendida assim, como construção de mundo, desconstrução e criação de modos de ser.

Aluna: Monalise Monteiro


Bibliografia:


ROLNIK, Suely. À sombra da cidadania: alteridade, homem da ética e reinvenção da democracia. In MAGALHÃES, Maria Cristina Rios (Org.) - Na Sombra da Cidadania. São Paulo, Escuta, 1995; pp: 141-170.

ARIÈS, Philippe. “História social da criança e da família” . Rio de Janeiro: Zahar, 1978

DEL PRIORI, Mary. “O papel branco, a infância e os jesuítas na Colônia”. In: História da Criança

no Brasil. São Paulo: Contexto, 1991.


sábado, 18 de abril de 2009

A balada hoje é no El Dredon


Em pleno Sábado à noite, encontro-me gripada, com uma tosse contínua e insistente que está provocando minha paciência. Nesses momentos, onde a fragilidade é maior e cujo cenário a vislumbrar é o teto do quarto, os devaneios aparecem com toda a energia. E a dona carência, intrusa, também bate à porta. Como faz falta AQUELA pessoa pra cuidar de você. Cafuné, mimo e carinho em abundância, fazem toda a diferença num contexto como este. Aliás, eu diria que, sem grandes fórmulas e complexos químicos, este é o melhor remédio pra todos os males: o AMOR.
Hoje, posto uma dos meus devaneios, uma composição minha. Acho que, de todas, é a preferida dos meus amigos.

Lua minguante

Eu gostei de você o bastante
Pra poder viver confiante
No futuro, ao seu lado (2x)

Eu gostei de você o bastante
Pra achar que era eterno e levar adiante
Eu gostei de você o bastante
E agora essa angústia incessante
Não me deixa dormir
Não me deixa viver
Não consigo sorrir
Minha alegria é você

Tantas coisas planejei
Versos lindos eu criei
Que agora estão mudos
Sem você
Coisas boas eu sonhei
O melhor eu desejei
Só a lua Minguante
Consegue entender

Porque eu estou assim
Distante
Você me deixou
Minguante


sexta-feira, 17 de abril de 2009

Pagode


Incrível como, ao longo da vida, modificamos e renovamos alguns conceitos. Até algum tempo atrás, eu dizia: "Nossa, detesto pagode". Hoje em dia, meu discurso é outro. Virei fã de um grupo "Papo de Samba", que toca todos os Domingos, na Hide Away e, consequentemente, acho que virei a maior pagodeira do século! rs Mas, pensando sobre isto, a conclusão a que cheguei é: gosto de música bem tocada! Quando os músicos são bons, meu ouvido aceita qualquer estilo musical. Em compensação, poderá discriminar a melhor MPB se o cantor semitonar a canção que estiver executando.

Certa vez, ouvi alguém dizer que, ter personalidade não é afirmar e se sustentar ser a mesma coisa para sempre, mas sim, conceber e assumir as mudanças possíveis que ocorrem e nos fazem modificar nosso modo de pensar.

Pra concluir, aí vai uma música que o Sorriso Maroto regravou que eu não paro de ouvir (e descobri que pagode é bom por isso também: com certeza, nossa história, atual ou passada, sempre se encaixa em alguma letra de música! hahahahaha):

Meu Plano
Composição: Lenine e Dudu Falcão

Meu plano era deixar você pensar o que quiser
Meu plano era deixar você pensar
Meu plano era deixar você falar o que quiser
Meu plano era deixar você falar
Coisas sem sentido
Sem motivo, sem querer
Andei fazendo planos pra você

Engano seu, achar que fosse brincadeira
Engano seu
Aconteceu de ser assim dessa maneira
E o plano é meu
Mesmo sem motivo
Sem sentido, sem saber
Andei fazendo planos pra você

Pra você eu faço tudo e um pouco mais
Pra você ficar comigo e ninguém mais
Largo os compromissos
Deixo tudo ao largo
Você tenta em vão me convencer
Que é melhor não fazer planos pra você

Meu plano era deixar você fugir quando quiser
Meu plano era esperar você voltar
Engano seu, achar que o plano é passageiro
Engano meu
Acho que o destino, antes de nos conhecer
Fez um plano pra juntar eu e você
Pra você eu faço tudo e um pouco mais
Pra você ficar comigo e ninguém mais
Largo os compromissos
Deixo tudo ao largo
Você tenta em vão me convencer
Que é melhor não fazer planos pra você

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Rodízio de Gente

As vezes me vejo em conflito com este mundo, em total desacordo com certos modos de funcionamento, desafinada com a forma que hoje têm os relacionamentos. Não é difícil perceber que somos vítimas da efemeridade de sentimentos, da quase ausente intensidade com que são vividos. Me sinto num verdadeiro rodízio de gente, ou seja, tal como em um rodízio de pizzas, onde pareço ser apenas mais uma fatia entre tantas outras, e não a pizza inteira. Essa metáfora, para mim, exemplifica o que vivemos hoje em dia. Talvez, nós, mulheres, tenhamos colaborado pra que a coisa ficasse deste jeito, quando confundimos a nossa conquista da liberdade com libertinagem. E o erro provável dos homens está no momento em que não sabem distinguir o tipo de mulher que lidam, generalizando-as. Afinal, ainda que tudo pareça estar perdido, restam as exceções de toda regra. Penso que o mais triste de tudo, é ver estas “exceções”, agindo, muitas vezes, contra o que são e sentem, para fazerem parte do “jogo”. Sim, porque parece que se não seguirem às regras, ficarão de fora. Se bem que, se pensar por outro lado, talvez seja até melhor ficar fora deste jogo frio e calculista e pagar o preço de seguir pelo caminho mais duro e longo, porém, o correto.

Desta lógica onde “eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo”, eu prefiro ficar de fora. Não consigo tratar as pessoas como descartáveis, sobretudo porque não as enxergo assim. Que graça tem a doce ilusão de tudo ter ao mesmo tempo e, num momento, se deparar com a dura realidade que nada se tem? A vida é curta demais pra ficarmos nos iludindo. Não é tão bom quando voltamos de uma viagem de avião, aterrisamos e dizemos: “Novamente, em terra firme”? Mas muitas pessoas preferem viver eternamente voando, sem um porto-seguro pra voltar quando o coração aperta. Pode ser que a solução para este problema, seja realizarmos, diariamente, um ato de introspecção, para tentarmos recuperar aquilo que foi perdido. Olhar para nós mesmos e reconhecermos nosso valor. Encontrar o que há de mais precioso na gente e ter a consciência de que isto o que for encontrado, não é para qualquer um! Podemos não saber exatamente o que queremos, duvidar do que não queremos, mas uma coisa é certa: meremos o MELHOR, sempre!

Monalise Monteiro (com algumas contribuições de Marcos Lima).