Frase

"Não sei, deixo rolar. Vou olhar os caminhos... o que tiver mais coração, eu sigo." (CFA)







quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Incontrolável Mal de Raiz

Por vezes, já sentiu que seus parceiros tornaram-se mais cobiçados após iniciarem um relacionamento com você? É incrível como parece que basta colocar o olho em alguém para que diversos olhares virem-se na mesma direção. Será, talvez, porque antes, você não notara o encanto da pessoa cuja sua libido fora direcionada, e a partir do momento em que repara, você começa a olhar, também, para as coisas a sua volta (percebendo, assim, o campo do desejo que a rodeia)? Ou será que a energia do Universo é tão forte a ponto de fazer disparar o desejo dos outros na medida que o seu é dispendido? Lacan apropriou-se de um pensamento de Hegel, cujo sentido é semelhante a este que há pouco questionei: “O desejo humano é sempre desejo de outro desejo”, ou seja, a coisa em si não é tão desejada quanto a partir de um olhar que lhe é dado a priori. De fato, o que acontece é que sentimos que, antes de nós, nosso parceiro “nem era tão notado assim, vai.” De repente passamos a enxergá-lo como o galanteador, só porque este perfil nos é apresentado, na medida em que nos relacionamos amorosamente. E aí, surge um certo receio de que outras pessoas descubram este encanto que viemos descobrindo, ao longo dos dias, na convivência com a pessoa amada. Talvez a isto possa dar-se o nome de ciúme: aquele medo - que povoa o local mais fundo do coração – de que outra pessoa seja merecedora do mesmo amor que você é, do mesmo olhar, do mesmo toque, do mesmo carinho. O que penso sobre o ciúme é que, em superdose, torna-se um veneno para o relacionamento. Me parece ser um grande aliado da insegurança. Na medida em que ele se torna constante, cria-se um ambiente de tensão onde o que se pretende é controlar os passos do outro, ainda que em pensamento. E não há relacionamento que dure com a individualidade ameaçada. Que “o ciúme é um mal de raiz” (como dizia o poeta Vinícius de Moraes), a maioria deve concordar, mas penso ser unânime a difículdade de fazer-se de bobo ou fingir-se de desentendido quando alguma ameaça bate à porta e a iminência de perder o ser amado vem à tona.

(Monalise Monteiro)

2 comentários:

  1. Simplesmente PERFEITO!! O texto e o conteúdo são maravilhosos.
    Parabéns.

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  2. Em primeiro lugar, quero manifestar a minha alegria por você ter voltado a postar.
    Perfeito o texto! Sabe, na verdade é muito difícil lidar com ciúme, entretanto quando a pessoa não nos deixa segura. Pois sabemos que atitudes valem mais do que palavras, então não dá mesmo para fingir que nada está acontecendo, nesse caso.
    Beijo e aproveito para te desejar um Feliz 2010!!

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